sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Mandela (1918-2013)


“Aqui jaz um homem que fez o seu dever na Terra”




Hoje o mundo ficou mais pobre e não foi a nível financeiro. Foi uma perda irrecuperável, daquele a quem 
chamavam 'Madiba, o pai de um povo.'

Nelson Rolihlahla Mandela nasceu a 18 de julho de 1918 em Mvezo no Transkei. Passou parte da infância na vila de Qunu (a mesma onde construiu uma casa, depois de liberto). Viveu, a partir dos nove anos, na vila real de Mqhekezweni e depois em Engcobo e Fort Beaufort, onde concluiu os estudos secundários; mudou-se, finalmente, para Alice (Porto Elizabeth), onde ingressa na faculdade.Após a faculdade muda-se para Gauteng, onde mora nos subúrbios de Joanesburgo: Soweto e Alexandra. Em Kliptown assina a Carta da Liberdade; em Pretória fica preso e tem casa em Rivonia.

Em 1949 o governo aprova o regime legal segregacionista, que dá o nome de apartheid, e em 1951 Mandela é eleito presidente da ANCYL e no ano seguinte presidente do CNA na província de Transvaal.
No ano de 1950, novas leis segregacionistas são impostas pelo governo, numa ação que levou à tomada de terras de negros, mestiços e indianos; num claro exemplo desta ação, mais de cinquenta mil negros moravam em Sophiatown, em Joanesburgo, e foram todos desalojados em 1953. Em 1951 Sisulu propõe sejam aceitos não-negros no CNA, e Mandela inicialmente se posiciona contrário à ideia.
A 26 de junho de 1952 tem início a Campanha de Desafio, com o Dia do Protesto e Mandela torna-se seu porta-voz e chefe nacional; por todo o país os negros são convidados a usarem os espaços reservados aos brancos – em sanitários e escritórios públicos, correios, etc. - resultando na prisão de Mandela por dois dias, junto a outros companheiros de luta.

O Umkhonto we Sziwe – "Lança de uma Nação" - também conhecido pela sigla "MK", foi criado em 1961 como braço armado do CNA, tendo Mandela como primeiro comandante em chefe. Era a resposta do movimento ao Massacre de Sharpeville, no entendimento de que o apartheid não mais poderia ser combatido com a não-violência. Mais tarde, Mandela declara:


“Nós adotamos a atitude de não violência só até o ponto em que as condições o permitiram. Quando as condições foram contrárias, abandonamos imediatamente a não violência e usamos os métodos ditados pelas condições”

Após 27 anos passados na prisão, 18 dos quais passados na Robben Island, enfrentou um regime racista branco, tendo-se preparado em várias outras ocasiões para morrer (quando estava a ser julgado e se preparava para ouvir a sentença pensava que ela seria a pena de morte).
Sem desejo de vingança, sem rancor acumulado, conseguiu uma transição para a democracia sem lugar para vinganças, tendo lançado as bases daquilo a que arcebispo anglicano Desmond Tutu chamou uma Nação Arco-Íris. E sempre através do exemplo, dando aos outros o exemplo, ensinando a perdoar.

Em 1993, Nelson Mandela e Frederik de Klerk dividiram o Prémio Nobel da Paz.

Venceu as primeiras eleições livres na África do Sul, em 1994, tendo-se tornado o primeiro presidente negro daquela que é hoje a maior economia africana. Cumpriu apenas um mandato, deixando o poder de livre vontade, na esperança de dar o exemplo a outros líderes africanos e mundiais. Teve pouca sorte, pois poucos lhe seguiram os passos, sendo Joaquim Chissano e Pedro Pires, ex-presidentes de Moçambique e de Cabo Verde, dos poucos líderes africanos que não se agarraram de forma egoísta ao poder.

Em 2004, quando completou os seus 85 anos, anuncia a sua retirada da vida pública dizendo: 


"Estou confiante de que ninguém aqui me irá acusar de egoísmo se eu pedir um tempo para passar com a minha família e meus amigos - e também comigo mesmo. Meu lema agora é: Não me chame, eu te chamarei"

Ao longo da sua vida casou três vezes e teve seis filhos, dos quais apenas três estão hoje em dia ainda vivos.

Foi várias vezes internado, primeiramente devido a lhe ter sido diagnosticado um cancro na próstata, e nas vezes seguintes sobre causa de infeções pulmonares e respiratórias. O seu último internamento deu-se no dia 8 de junho de 2013, quando se encontrava em estado grave devido, novamente, a uma infeção pulmonar.

O pior aconteceu hoje. Dia 5 de Dezembro de 2013, o líder sul-africano Nelson Mandela com 95 anos morre na sua residência, em Johannesburgo, para onde havia sido levado no dia 1 de setembro após passar quase três meses internado.

A notícia foi anunciada pelo presidente sul-africano Jacob Zuma: "A nossa nação perdeu o seu maior filho. O nosso povo perdeu o seu pai"


 Faleceu Nelson Mandela.





"A morte é inevitável. Quando um homem fez o que considera seu dever para com seu povo e seu país, pode descansar em paz. Acredito ter feito esse esforço, e é por isso, então, que dormirei pela eternidade."




Rute Dias

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